sábado, 24 de outubro de 2009

LIBERTAR O EU VERDADEIRO


- Don't Be Afraid -


Outra maneira que alguns de nós têm de lidar com as atiradeiras e flechas que ameaçam nosso frágil ego é construir uma defesa de Galinha Assustada. Na história infantil, a Galinha assustada estava passeando quando uma bolota caiu em sua cabeça. Seu medo transformou a bolota num pedaço do céu, e ela correu para dentro de uma caverna gritando: "O céu está caindo! O céu está caindo!"


Esse é o padrão para fugir da vida e nos protegermos contra a rejeição e a incerteza numa caverna de segurança na qual nos escondemos. Quando usamos a máscara da Galinha Medrosa, acreditamos que o céu está sempre para cair. Albert Einstein disse que a questão mais importante era se o universo era amigável. A Galinha Medrosa responde com um inequívoco não. Ela se esconde com medo e evita as situações que apresentam risco - interior ou exterior. É óbvio que há momentos em que é melhor não arriscar. Mas ela é a parte de nós que ousa muito pouco, especialmente por dentro.


A Galinha Medrosa, como todos os outros falsos eus, foi ferida de alguma forma e criou este padrão como uma maneira de lidar com sua dor e proteger-se. Talvez ela tenha sido superprotegida; talvez tenha tido experiências que a ensinaram que não se pode confiar na vida. A Galinha Medrosa, com seus padrões egocêntricos, é semelhante ao que Fritz Kunkel chamou de "tartaruga": é a pessoa que, acreditando que suas necessidades estão sendo negligenciadas e que a vida só traz desapontamentos, limita-se e enterra-se numa casca de onde espia a vida.

(...)

De vez em quando, na procura por seu Eu Verdadeiro, você tem que encontrar coragem para entrar no absurdo. Kierkegaard observou que a coragem não é ausência do desespero ou do medo, mas a capacidade de seguir em frente apesar deles. A tarefa da Galinha Medrosa é seguir em frente apesar de seus medos, confirmando que o mundo é um lugar amoroso, belo e seguro... A Galinha Medrosa precisa confiar que o céu não é assim tão precário e deixar que a bolota seja apenas uma bolota.

(...)

Ao nomear os muitos padrões dos nossos falsos eus, é exatamente isto o que precisamos fazer: debruçarmo-nos sobre as faces partidas e horríveis presentes em nós e beijar cada uma delas.
Esse é o ato necessário. Pois é nesses atos ternos, mas poderosos, de autocomunhão, que abrimos caminho para que a verdadeira semente rompa a escuridão. Apenas enfrentando e abraçando os falsos eus é que podemos libertar o Eu Verdadeiro.




Autoria: Sue Monk Kidd
Livro: Quando O Coração Amanhece

Imagem:
www.art.com/.../pd--10100761/Dont_Be_Afraid.htm


6 comentários:

Tereza Kawall disse...

Oi lindinha, que texto bom!
Adorei a analogia com a tartaruga, que se esconde dentro da casca/casa.
Quantas vezes lá " parece" ser mais seguro.... e não é!
bj+carinho
Tereza

Adelia Ester Maame Zimeo disse...

Este lugar onde se julga ser o mais seguro, por vezes, pode ser o mais arriscado, pois impede o Eu Verdadeiro de se expressar. Tereza Querida, um ótimo domingo! Beijo. Meu afeto.

Norma Villares disse...

Que beleza, de texto...
Os mestres sempre utilizam as analogias dessa forma.
Essa história dá um excelente psicodrama.
Muito bom, vou comprar esse livro.
Melhores abraços

Adelia Ester Maame Zimeo disse...

Norminha Querida, que bom ter apreciado! Beijinhos.

Unknown disse...

Lindo, como sempre!!

Saudades!!...beijos e boa semana!! :)

Adelia Ester Maame Zimeo disse...

Olá, Dani. Obrigada pelo comentário! Beijo Saudoso. Uma ótima semana!