domingo, 25 de setembro de 2011

Dependência Afetiva


"Depender da pessoa que se ama é uma maneira de se enterrar
em vida, um ato de automutilação psicológica em que o amor próprio,
o auto-respeito e a nossa essência são oferecidos e
presenteados irracionalmente.

Quando a dependência está presente,
entregar-se, mais do que um ato de carinho desinteressado
e generoso, é uma forma de capitulação, uma rendição conduzida
pelo medo com a finalidade de preservar as coisas boas que
a relação oferece.

Sob o disfarce de amor romântico, a pessoa
dependente afetiva começa a sofrer uma despersonalização lenta
e implacável até se transformar num anexo da pessoa “amada”,
um simples apêndice. Quando a dependência é mútua, o enredo
é funesto e tragicômico: se um espirra, o outro assoa o nariz. Ou,
numa descrição igualmente doentia: se um sente frio, o outro coloca
o casaco.

'Minha existência não tem sentido sem ela'; 'Vivo por ele
e para ele'; 'Ela é tudo para mim'; 'Ele é a coisa mais importante
da minha vida'; 'Não sei o que faria sem ela'; 'Se ele me faltasse,
eu me mataria'; 'Eu venero você'; 'Preciso de você'; enfim, a
lista desse tipo de expressões e 'declarações de amor' é interminável
e bastante conhecida. Em mais de uma oportunidade, as recitamos,
as cantamos embaixo de uma janela, as escrevemos ou,
simplesmente, elas brotam sem nenhum pudor de um coração
palpitante e desejoso de transmitir afeto. Pensamos que essas
afirmações são demonstrações de amor, representações verdadeiras
e confiáveis do mais puro e incondicional dos sentimentos.

De forma contraditória, a tradição tentou incutir em nós um paradigma
distorcido e pessimista: o amor autêntico, irremediavelmente,
deve estar infectado de dependência. Um absurdo total.
Não importa como se queira argumentar, a obediência devida,
a adesão e a subordinação que caracterizam o estilo dependente
não são recomendáveis."



Fonte:
www.lpm.com.br/livros/imagens/amar_ou_depender(!).pdf


Imagem:
http://caentrenos.org